
Você já pensou em ter uma cobra como vizinha de travesseiro? Ou talvez um lagarto dormindo tranquilo no canto do quarto? Pois é, os pets exóticos legais estão ganhando cada vez mais espaço nos lares brasileiros.
Apesar de parecer algo de filme ou de documentário do Discovery Channel, o Brasil permite sim a criação de algumas espécies não convencionais. No entanto, é preciso caminhar com os dois pés no chão, pois a posse desses animais exige cuidados especiais, além de respeito à legislação.
Neste artigo, vamos mergulhar no mundo fascinante dos pets exóticos legais, mostrando quais espécies são permitidas por lei, os cuidados essenciais que cada uma exige, além de esclarecer dúvidas comuns sobre esse universo cheio de escamas, penas e garras.
O que são pets exóticos legais?
Antes de tudo, é importante entender o que exatamente caracteriza um pet exótico legal. De maneira simples, são animais silvestres ou não convencionais que, apesar de não fazerem parte do grupo clássico de cães e gatos, podem ser criados legalmente como animais de estimação no Brasil desde que sejam adquiridos de criadouros autorizados pelo IBAMA ou por órgãos estaduais como a SEMA no Pará ou o IEF em Minas Gerais.
Esses pets passam por processos de controle e identificação, muitas vezes com microchips e notas fiscais, garantindo sua origem legal. Ter um animal assim sem registro é como convidar a multa para tomar café na sua casa e ela pode vir salgada: acima de R$ 5.000, além da apreensão do animal.
Répteis e Anfíbios: companheiros de escamas e cascos

Se você é daqueles que prefere o silêncio à bagunça, os répteis e anfíbios podem ser a companhia ideal. Eles são como pequenas esculturas vivas: exigem pouca interação, mas muita atenção com o ambiente.
O jabuti-piranga (Chelonoidis carbonarius), por exemplo, é uma espécie muito comum entre os tutores brasileiros. Com seu andar calmo e vida longa (mais de 80 anos), ele se alimenta de frutas, legumes e folhas. Precisa de um espaço externo com sol e sombra.
Outro réptil popular é a iguana-verde (Iguana iguana), que pode atingir 1,5 metro de comprimento. Apesar de seu visual intimidador, costuma ser dócil quando criada desde filhote. No entanto, exige um terrário alto, com galhos para escalada, luz UVB e temperatura regulada.
A jiboia (Boa constrictor) também está entre os pets exóticos permitidos. Criada legalmente, ela não apresenta riscos se for bem manejada. Alimenta-se de roedores e vive por cerca de 25 anos.
Esses animais, apesar de silenciosos, exigem:
- Ambientes com controle de temperatura e umidade
- Alimentação balanceada
- Supervisão veterinária especializada
- Espaço para movimentação e abrigo
Aves Exóticas: vozes coloridas e personalidades vibrantes

Se os répteis são o silêncio, as aves são a música que ecoa dentro de casa. Com seus cantos, cores e personalidades marcantes, elas transformam qualquer ambiente em um verdadeiro espetáculo tropical. No entanto, não se engane: cuidar de aves exige muito mais do que apenas alpiste e um poleiro improvisado.
Entre as mais queridas do público está a calopsita (Nymphicus hollandicus), uma ave charmosa de aproximadamente 30 cm, capaz de viver até 15 anos. Sua alegria contagiante se revela na facilidade com que aprende a assobiar e repetir palavras simples. Mas atenção: ela não gosta de solidão. Vive melhor quando tem companhia — seja de outra ave ou de um tutor que esteja presente com frequência.
Logo atrás, voando na mesma trilha de popularidade, está o periquito-australiano (Melopsittacus undulatus). Pequeno no tamanho, mas grande na animação, esse pet é ideal para quem procura uma ave alegre, barulhenta e sociável. Ainda assim, não se deixe enganar pelo porte: ele precisa de espaço suficiente para voar, brincar e explorar o ambiente com liberdade.
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Por outro lado, se a ideia é ter uma ave com personalidade marcante e longevidade impressionante, a cacatua-branca (Cacatua alba) entra em cena. Com uma expectativa de vida que ultrapassa os 60 anos e um valor que gira em torno de R$ 10.000, essa espécie não é apenas um pet é um compromisso de vida. Inteligentíssima, ela exige atenção constante e estímulos diários. Caso contrário, pode desenvolver comportamentos autodestrutivos, como arrancar as próprias penas ou quebrar objetos.
Mamíferos Diferentões: pequenos selvagens domesticados

Depois das penas, vem o pelo. Os mamíferos exóticos estão conquistando espaço principalmente entre quem procura um animal mais afetuoso e curioso.
O sagui-de-tufo-branco (Callithrix jacchus) é um pequeno primata muito ativo e inteligente. Vive até 12 anos, mede cerca de 25 cm e precisa de um espaço vertical, com árvores artificiais, galhos e brinquedos. Sua alimentação é composta por frutas, pequenos insetos e ovos cozidos. Criadores legalizados são essenciais nesse caso, pois o tráfico de primatas é crime e causa sofrimento animal.
O ferret (Mustela putorius furo), também chamado de furão, é uma verdadeira máquina de energia. Corre, brinca, se esconde e interage com humanos como um gato muito curioso. Vive até 8 anos, se alimenta de carne ou rações específicas e precisa de tempo fora da gaiola todos os dias.
Para quem quer um mamífero mais tranquilo, o porquinho-da-índia (Cavia porcellus) é uma boa opção. Silencioso, dócil e sociável, pode ser criado em pares e vive por cerca de 6 a 8 anos.
Cuidados essenciais com pets exóticos legais
Não basta escolher um animal diferente: é preciso entender as exigências que cada espécie traz consigo. Afinal, mais do que um pet, esses animais são responsabilidades com asas, cascos ou caudas.
Alimentação Específica
Cada animal tem um cardápio particular. Erros na dieta podem causar doenças graves. Iguanas, por exemplo, não digerem proteínas animais. Já ferrets precisam de proteínas em abundância.
Espaço e infraestrutura
Criar um jiboia em um aquário pequeno ou um sagui em uma gaiola de pássaros é o mesmo que viver em um banheiro apertado. Os pets precisam de ambiente adequado, com temperatura, iluminação e espaço suficientes.
Estímulo mental e físico
Aves entediadas arrancam penas. Répteis estressados se recusam a comer. Mamíferos deprimidos podem adoecer.
Brinquedos, desafios e companhia são fundamentais para a saúde mental de qualquer pet.
Comparativo de Espécies Exóticas Legais no Brasil
Antes de decidir qual pet exótico levar para casa, é fundamental comparar suas principais características. Pensando nisso, preparamos um quadro com informações práticas sobre algumas das espécies mais populares permitidas no país. Assim, você pode avaliar com mais clareza qual animal combina melhor com sua rotina e expectativas.
Espécie | Tamanho Médio | Expectativa de Vida | Preço Médio (R$) | Manutenção |
---|---|---|---|---|
Jabuti-piranga | 30 cm | 80 anos | R$ 1.200 a R$ 3.000 | Moderada |
Iguana-verde | 1,5 m | 20 anos | R$ 300 a R$ 1.000 | Alta |
Calopsita | 30 cm | 15 anos | R$ 200 a R$ 600 | Baixa |
Cacatua-branca | 45 cm | 60 anos | R$ 10.000+ | Muito Alta |
Ferret | 40 cm | 8 anos | R$ 2.500 a R$ 6.000 | Alta |
Sagui-de-tufo-branco | 25 cm | 12 anos | R$ 4.000 a R$ 8.000 | Alta |
Legislação e riscos da posse ilegal
Se apaixonar por um animal em um vídeo do YouTube é fácil. Difícil é lidar com as consequências legais e éticas de criá-lo ilegalmente. O tráfico de animais silvestres é crime ambiental e movimenta mais de R$ 3 bilhões por ano no Brasil, segundo o IBAMA.
Ao optar por criadouros licenciados, você:
- Garante bem-estar animal
- Evita multas e sanções
- Ajuda a combater o tráfico
- Recebe nota fiscal e microchip de identificação
Vale a pena ter um pet exótico?
Essa pergunta não tem uma resposta única. Ter um pet exótico legal pode ser uma experiência transformadora — educativa, afetuosa e instigante. No entanto, exige comprometimento, paciência e planejamento.
Mais do que impressionar os amigos com um animal “diferente”, é preciso garantir qualidade de vida para ele. Afinal, um pet feliz é reflexo de um tutor consciente.
Ao escolher um pet exótico, é essencial ter em mente que estamos lidando com espécies que exigem conhecimento, dedicação e respeito à legislação. Não se trata apenas de um animal bonito ou diferente, mas de uma vida que demanda cuidados específicos e um ambiente adequado para seu bem-estar.
Ter um animal exótico é como assumir um contrato de confiança com a natureza — onde você, tutor, é o guardião desse pequeno pedaço do mundo selvagem. Com responsabilidade, informação e amor, é possível conviver com esses companheiros de forma ética e legal, promovendo uma convivência saudável e enriquecedora para ambos os lados.